sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Blasé


Quando eu crescer quero ser como a gente blasé. Passar horas na frente do espelho ajeitando o cabelo para ele parecer naturalmente bagunçado. Entrar nos lugares e não puxar assunto com ninguém, apenas responder ao que me perguntam e lançar um olhar desconfiado e um sorriso amarelado a quem me elogia. Não adicionar pessoas que não conheço no Orkut, Facebook, Twitter e só colocar fotos 'conceituais' em meus perfis, bem como postar em meu blog apenas coisas sem pé nem cabeça e fotos estranhas. Fingir que não dou a mínima para a moda, mas, nunca me esquecer de pintar as unhas com as cores neon do momento. Dizer que só assisti 'a última peça de sucesso' porque ganhei convites para estréia e falar dos amigos famosos como se eles fossem meus amigos de infância. Achar que toda pessoa feliz, no fundo, é estúpida e demonstrar conhecimento de bons vinhos e bons restaurantes. Não responder e-mails alegando que sou muito desligada e ao mesmo tempo ocupada e que não tenho saco para o mundo virtual - apesar de atualizar o Facebook todos os dias. Dizer que acho ridículo existir coluna social num país como o nosso, mas recortar e colecionar toda e qualquer nota que sair com meu nome. Olhar para as pessoas que estão batalhando um lugar ao sol com desprezo. Achar que todas as pessoas que se aproximam estão o fazendo porque querem algo em troca. Recusar convites para festas e lançamentos por não querer colocar azeitona na empada alheia. Andar sempre desarrumada, descabelada, porém, de maquiagem cara e roupas de grife. Não falar jamais sobre minhas conquistas por presumir que todos já tem conhecimento sobre elas e que elas foram meros acontecimentos naturais. Fingir que não dou a mínima para o dinheiro mas fazer questão de postar em algum lugar na Internet minhas últimas fotos da viagem que fiz a Europa. Beber muito e acreditar que só existe inteligência na boêmia. Ter sempre respostas prontas, irônicas e sarcásticas para tudo. Me achar melhor que todos os meus amigos - sem que eles saibam disso, claro. Ou seja, ser paranóica e egocêntrica, mas acreditar que não passo de uma pessoa excêntrica. Pensando bem, acho que prefiro continuar criança...


Mônica Montone


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