domingo, 21 de junho de 2009


Namorado é:

quem tem a certeza de que seja como for a vida sem (ele) (ela) seria pior;
um pedaço de possibilidade em forma de deslumbramento. É um clima, um estado especial, uma espécie de vertigem com gosto de chegada à lua misturado com refresco de pitanga;
o amor que está ao lado, o possível, o adivinhado, o portador das nossa melhores expectativas; a forma do nosso exato modelo; o cheiro e gosto de pele das indefiníveis atrações vindas não se sabe de que encarnações;
o eterno proibido, porque é sempre aquele que ainda vai conseguir. Mesmo de quem pode. É o estado de sentir antes de qualquer encontro todas as suas descobertas, mesmo as impossíveis, pouco importa se entre casados, solteiros, noivos, viúvos ou namorados mesmo;
o que sempre acaba voltando: em carne e osso ou 40 anos depois sentado no trono dourado de uma fantasia, lembrança, amargura, saudade doce, breve recordação ou vivência nunca morta;
tudo o que represente o melhor de cada um de nós, distribuído em mil feixes de luz. São as luzes das partes nossas que nunca alcançamos; das vontades que não satisfizemos nem satisfaremos; dos sentimentos que jamais envelheceram; dos sonhos que negam-se a apagar, porque deles se nutre nossa a ânsia de viver, num mundo onde os namoros são a prova de que as pessoas estão ávidas para o encontro mais profundo com o que são e gostariam de trocar.

Namorado não é quem assim se denomina, como se namorar fosse o começo de uma escala hierárquica que depois continua com noivado e casamento. Namorado é o noivo, o marido, o amante, o tímido desejoso, o fiel impossibilitado, o infiel aturdido, o frustrado, o reprimido, sempre que neles se riscar o fósforo da verdade e acender a luz de sua vontade.

Namorado é o ser humano em estado de amor.

mais um aniver de namoro com a pessoa mais especial do mundo

te amo.

sábado, 13 de junho de 2009




sexta-feira, 12 de junho de 2009


Soneto do amor total

Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.

E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

(Vinícuis e Moraes)





Meus Amigos separados não cansam de perguntar como consegui ficar casado 30 anos com a mesma mulher. As mulheres, sempre mais maldosas que os homens, não perguntam a minha esposa como ela consegue ficar casada com o mesmo homem, mas como ela consegue ficar casada comigo. Os jovens é que fazem as perguntas certas, ou seja, querem conhecer o segredo para manter um casamento por tanto tempo. Ninguém ensina isso nas escolas, pelo contrário.

Não sou um especialista do ramo, como todos sabem, mas dito isso, minha resposta é mais ou menos a que segue: Hoje em dia o divórcio é inevitável, não dá para escapar. Ninguém agüenta conviver com a mesma pessoa por uma eternidade.

Eu, na realidade já estou em meu terceiro casamento - a única diferença é que casei três vezes com a mesma mulher. Minha esposa, se não me engano, está em seu quinto,
porque ela pensou em pegar as malas mais vezes do que eu. O segredo do casamento não é a harmonia eterna. Depois dos inevitáveis arranca-rabos, a solução é ponderar, se acalmar e partir de novo com a mesma mulher.

O segredo no fundo é renovar o casamento, e não procurar um casamento novo. Isso exige alguns cuidados e preocupações que são esquecidos no dia-a-dia do casal. De tempos em tempos, é preciso renovar a relação.

De tempos em tempos é preciso voltar a namorar, voltar a cortejar, seduzir e ser seduzido. Há quanto tempo vocês não saem para dançar? Há quanto tempo você não tenta conquistá-la ou conquistá-lo como se seu par fosse um pretendente em potencial? Há quanto tempo não fazem uma lua-de-mel, sem os filhos eternamente brigando para ter a sua irrestrita atenção? Sem falar dos inúmeros quilos que se acrescentaram a você depois do casamento.

Mulher e marido que se separam perdem 10 kg em um único mês, por que vocês não podem conseguir o mesmo? Faça de conta que você está de caso novo. Se fosse um casamento novo, você certamente passaria a freqüentar lugares novos e desconhecidos, mudaria de casa ou apartamento, trocaria seu guarda-roupa, os discos, o corte de cabelo, a maquiagem. Mas tudo isso pode ser feito sem que você se separe de seu cônjuge.

Vamos ser honestos: ninguém agüenta a mesma mulher ou o mesmo marido por trinta anos com a mesma roupa, o mesmo batom, com os mesmos amigos, com as mesmas piadas. Muitas vezes não é a sua esposa que está ficando chata e mofada, é você, são seus próprios móveis com a mesma desbotada decoração. Se você se divorciasse, certamente trocaria tudo, que é justamente um dos prazeres da separação. Quem se separa se encanta com a nova vida, a nova casa, um novo bairro, um novo circuito de amigos. Não é preciso um divórcio litigioso para ter tudo isso. Basta mudar de lugares e interesses e não se deixar acomodar. Isso obviamente custa caro e muitas uniões se esfacelam porque o casal se recusa a pagar esses pequenos custos necessários para renovar um casamento. Mas se você se separar sua nova esposa vai querer novos filhos, novos móveis, novas roupas e você ainda terá a pensão dos filhos do casamento anterior.

Não existe essa tal ‘estabilidade do casamento’ nem ela deveria ser almejada. O mundo muda, e você também, seu marido, sua esposa, seu bairro e seus amigos. A melhor estratégia para salvar um casamento não é manter uma relação estável, mas saber mudar junto. Todo cônjuge precisa evoluir, estudar, aprimorar-se, interessar-se por coisas que jamais teria pensado em fazer no inicio do casamento. Você faz isso constantemente no trabalho, porque não fazer na própria família? É o que seus filhos fazem desde que vieram ao mundo.

Portanto descubra a nova mulher ou o novo homem que vive ao seu lado, em vez de sair por aí tentando descobrir um novo interessante par. Tenho certeza que seus filhos os respeitarão pela decisão de se manterem juntos e aprenderão a importante lição de como crescer e evoluir unidos apesar das desavenças. Brigas e arranca-rabos sempre ocorrerão: por isso de vez em quando é necessário casar-se de novo, mas tente fazê-lo sempre com o mesmo par.

Cirilo Veloso Moraes


Oiee Gente, como
não poderia deixar de ser passei aki neste dia especialzinho por demais, com doces palavras pra animar ainda mais este lindo dia.
Essa cronica nos remete a pensar muitono real motivo de querer nam
orar: o namoro nada mais é do que carinho, companherismo, amizade, mas também que namoro só é bom com aquele alguém que a gente deseja pra vida toda.
Será que vale estar ao lado de alguém de que
m a gente não sonha em ser feliz ao lado?
Acho q verdadeiramente não.
Existem então palavras que
encaixem melhor?
Vamos usar o dia dos namorados, para refletir e os outros 364 dias do ano para comemorar de verdade no dia a dia com nosso amor seja ele quem for mas que seja perfeito do jeito que a gente escolheu.
Nao conheço uma pessoa apenas que nao ache maravilhosa a época
em que eram namorados antes de casar. Pois então NAMORE. Mas namore solteiro, casado, com filhos, ou sem. Se apaixone todo dia. Seja dela. Vista a camiseta por ela. E a receba sendo sua por completo. Todos os dias. Reinventem-se.
Amem-se um ao outro. E descubram o que significa o amor de verdade.
E como não poderia deixar de ser, aproveito este cantinho do M.E.I. pra deixar meu carinho melado pro homem que me conquista todos os dias.
E não pensem que somos iguais não,
de igual em nós só tem nossa inteligência e nosso forma doce de tentar dar um jeitinho nos problemas que vão surgind
o. No restante somos que nem água e vinho. Hehe
E será que nos amamos menos?
Ne
m pensar.
somos um do outro. apaixonados e nos completamos.
E optamos pro nos permitir viver intensamente este amor.
Thiag
o,
em minha vida você só adicionou o melhor de mim que estava faltando eu encontrar.
agradeço todos os dias.

Obrigada meu amor
eu te amo intensamente
e de forma pura e delicada.


UM FELiZ DIA DOS NAMORADOS
A VOCÊ AMOR.
E A TODOS COM MUITO CARINHO


beijos doces,
Carolina Hindrichson


"Que tenhamos atitude para escrever nossas histórias, porque ninguém é responsável por nosso destino a não ser nós mesmos."

quinta-feira, 11 de junho de 2009


Ja em clima de dia dos Namorados (uuii hehe),
vou postar aki hoje uma copia de um email
que o Thiago me mando essa semana.
Mor: Valeu apena esperar a vida toda por ti.
Beijoos docinhos ; )

Não Tem Jeito

Aperta meu peito, quero te ver chegar
Escutar a música dos teus pés a entrar

Suavemente sua mão pela maçaneta a escorregar
Entreabrindo a porta do nosso lar

Ver a tua boca um lindo sorriso liberar
A dizer-me -um te amo- a gesticular
E seus olhos a me indagar se estava a te esperar
Se quero te beijar

Percebo meus pés a te buscar
E na tua boca meu corpo flamejar
Enquanto meus braços estão a te enlaçar
Sinto o meu coração soar no mesmo ritmo de seu ar



Tentando esta saudade cessar
Alongando os minutos do tempo a passar
Buscando na segurança do teu abraçar

Minha vida inteira poder te ofertar

sexta-feira, 5 de junho de 2009




Acontece algumas vezes que não achamos bom
o chá. Descobre-se a causa quando se chega ao fundo da xícara: era o açúcar. Não estava faltando, mas estava no fundo. Teria sido necessário mexer. Talvez o que esteja faltando à nossa vida tenha ficado no fundo. Nossa vida talvez não tenha sabor porque não temos a coragem de ir ao fundo das coisas ou porque não queremos. Fazemos caretas como ao tomar chá sem açúcar. Precisamos fazer o esforço de mexer a vida, de tocar nos segredos de Deus em nós."
(autor desconhecido)
floral

Dilema

Ela: Você me ama mais do que tudo?
Ele: Amo.

Ela: Paixão, paixão?
Ele: Paixão, paixão mesmo.

Ela: Mais do que tudo no mundo todo?
Ele: No mundo todo e fora dele.

Ela: Não acredito.
Ele: Faz um teste.

Ela: Eu ou fios de ovos.
Ele: Você, fácil.

Ela: Daqueles com calda grossa, que a gente chupa o fio e a calda escorre pelo queixo.
Ele: Prefiro você.

Ela: Futebol.
Ele: Não tem comparação.

Ela: Você está caminhando, vem uma bola quicando, a garotada grita "Devolve, tio!" e você domina, faz dezessete embaixadas e chuta com perfeição.
Ele: Prefiro você.

Ela: Internacional e Milan em Tóquio pelo campeonato do mundo, passagem e entrada de graça.
Ele: Você vai junto?

Ela: Não.
Ele: Pela televisão se vê melhor.

Ela: Faz muito calor. Aí chove, aí abre o sol, aí vem uma brisa fresca com aquele cheiro de terra molhada, aí toca uma música no rádio e é uma nova do Paulinho. É Sexta-feira e a televisão anunciou um Hitchcock sem dublagem para aquela noite, e o Real está dando certo.
Ele: Você.

Ela: Voltar à infância só pra poder pisar na lama com o pé descalço, sentir a lama fazer squish entre os dedos.
Ele: Você, longe.

Ela: A Sharon Stone telefona e diz que é ela ou eu.
Ele: Que dúvida. Você.

Ela: Cheiro de livro novo. Solo de sax alto. Criança distraída. Canetinha japonesa. Bateria de escola de samba. Lençol recém-lavado. Hora no dentista cancelada. Filme com escadaria curva. Letra do Aldir Blanc. Pastel de rodoviária.
Ele: Você, você, você, você, você, você, você, você, você e você, respectivamente.

Ela: A Sharon Stone telefona novamente e diz que se você se livrar de mim ela já vem sem calcinha.
Ele: Desligo o telefone.

Ela: Fama e fortuna. A explicação do universo e do mercado de commodities, com exclusividade. A vida eterna e um cartão de crédito que nunca expira.
Ele: Prefiro você.

Ela: Uma cerveja geladinha. A garrafa chega estalando. No copo, fica com um quarto de espuma firme. O resto é ela, só ela, dizendo "Vem...."
Ele: Hummm...

Ela: Como, hummm? Ela ou eu? ...Silêncio de 5 segundos...
Ele: Qual é a marca?

Ela: Seu cretino!

Luís Fernando Veríssimo

Árvore Genealógica


Mãe, vou casar!

> Jura, meu filho ?! Estou tão feliz ! Quem é a moça ?

> Não é moça. Vou casar com um moço. O nome dele é Murilo.

> Você falou Murilo... Ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto
> psic
ótico?

> Eu falei Murilo. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?

> Nada, não... Só minha visão que está um pouco turva.

> E meu coração, que talvez dê uma parada. No ma
is, tá tudo ótimo

> Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo...

> Problema ? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora...

> Ou isso.

> Você vai ter uma nora. Só que uma nora... Meio macho.

> Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um

> genro quase fêmea...

> E quando eu vou conhecer o meu. A minha... O Murilo ?

> Pode chamar ele de Biscoito. É o apelido.

> Tá ! Biscoito... Já gostei dele.. Alguém com esse apelido só pode ser uma
> pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui ?

> Por quê ?

> Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.


> Você acha que o Papai não vai aceitar ?

> Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver...

> Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua

> cara-metade. E olha que espetáculo: as duas metade com bigode.

> Mãe, que besteira ... Hoje em dia ... Praticamente todos os meus amigos são

> gays.

> Só espero que tenha sobrado algum que não seja... Pra poder apresentar pra
> tua irmã.


> A Bel já tá namorando.


> A Bel? Namorando ?! Ela não me falou nada... Quem é?

> Uma tal de Veruska.

> Como?


> Veruska...

> Ah !, bom! Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.

> Mãe !!!...

> Tá.., tá.., tudo bem..Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou
> ter um neto ..


> Por que não ? Eu e o Biscoito queremos dois filhos.

> Eu vou doar os espermatozóides. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os
> óvulos.

> Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?

> Quando ele era hétero... A Veruska.

> Que Veruska ?

> Namorada da Bel...

> "Peraí". A ex-namorada do teu atual namorado... E a atual namorada da tua
> irmã . Que é minha filha também... Que se chama Bel. É isso? Porque eu me
> perdi um pouco...


> É isso. Pois é... A Veruska doou os óvulos. E nós vamos alugar um útero.

> De quem ?

> Da Bel.

> Mas . Logo da Bel ?! Quer dizer então... Que a Bel vai gerar um filho teu e
> do Biscoito. Com o teu espermatozóide e com o óvulo da namorada dela, que é
> a Veruska .

> Isso.

> Essa criança, de uma certa forma, vai ser tua filha, filha do Biscoito,
> filha da Veruska e filha da Bel.

> Em termos...

> A criança vai ter duas mães : você e o Biscoito. E dois pais: a Veruska e
a
> Bel.

> Por aí...

> Por outro lado, a Bel...,além de mãe, é tia... Ou tio... Porque é tua irmã.


> Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra
> com o espermatozóide. Que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska...


> Com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.

> Só trocar, né ? Agora o óvulo vai ser da Bel. E o ventre da Veruska.

> Exato!

> Agora eu entendi ! Agora eu realmente entendi...

> Entendeu o quê?

> Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!

> Que swing, mãe ?!!....

> É swing, sim ! Uma troca de casais... Com os óvulos e os espermatozóides
,
> uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra...

> Mas...

> Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior... Com incesto
> no meio..


> A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso...

> Sei !!! ... E quando elas quiserem ter filhos...


> Nós ajudamos.

> Quer saber ? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem

> vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero,o
> espermatozóide... A única coisa que eu entendi é que...

> Que... ?

> Fazer árvore genealógica daqui pra frente... vai ser


> F....

(Luiz Fernando Veríssimo)

quinta-feira, 4 de junho de 2009


Guia Infantil

Nunca subestime uma formiga




Ela é das grandes. Daquelas bem pretas. Vem caminhando em cima da minha escrivaninha, rumo ao teclado do meu computador, como se tivesse perdido o celular em algum lugar. Ela olha para um lado e para o outro freneticamente - formigas não são cegas, como se sabe. E não usam celular, foi uma brincadeira. Mas que ela está procurando alguma coisa, está. Um farelo, um grão, um filho. Finjo que não estou prestando atenção, mas não tiro o olho da bichinha, inscluve etsou escrnevdo tduo errdao. Lá vem ela com passinhos ligeiros e pimba: subiu no teclado, está tentando se enfiar entre o F1 e o F2, mas lhe dou um peteleco bem mirado. Ela volta cambaleando pra mesa e nem acusa o golpe, segue serelepe da vida. Só há um jeito. Vou matar. Sim, vou matar bem matadinha, vou entrar pro Bope e esmagá-la - argh, que nojo. Ao menos não é uma barata.

Pego uma folha pequena, arrancada de um bloco de recados. É suficiente para prensar esta desvairada contra a mesa. Depois é só dobrar o papel, limpar alguma gosminha que reste no local do crime e estará feito o serviço. Sem testemunhas. Como sou malvada.

Quando coloco o papel sobre ela, no entanto, o plano dá errado. Ela enxerga o papel! E isso não é o que mais me surpreende. Que ela não era cega, sempre soube. Só não sabia que era instintiva! Ela entende que aquele papel sobre sua cabeça não é um zepelim planando, não é um guarda-chuva, não é uma nuvem: é uma ameaça de morte. Ela sabe que está correndo perigo. Sabe a diferença entre viver e morrer, e não quer morrer, lógico. Então ela corre feito um maratonista e desaparece embaixo da minha impressora. Danada. Quer guerra? Pois bem.

Passados cinco intermináveis minutos, quem eu vejo saindo por baixo da impressora? Ela. Reconheceria a quilômetros. Resolvo mudar de tática: nada de folha de papel. Vou usar um livro. Isso, vou abrir um livro, fingir que estou lendo e assim que ela me der as costas, pá.

Peguei o Guia Prático do Português Correto, era o que eu tinha à mão ao lado do computador. Sim, também tenho minhas dúvidas gramaticais. Livro de bolso, pequeninho, vai ser uma barbada. Onde está ela, onde está? Ali. Não consigo evitar de dizer em voz alta: "Você já era, sua metida. JÁ ERA!" Então ela, que até então estava andando por ali bem tranqüila, acelerou as patinhas e se mandou num flash. Sumiu. Escafedeu-se.

Que não são cegas, sabia-se. Que são inteligentes, foi uma descoberta. Mas que entendem o que a gente fala, foi de estarrecer.

Nada é o que parece ser


...mais uma vez um clichê se confirma: nada é o que parece ser. Nossa irritante mania de rotular tudo e todos impede que a gente enxergue o óbvio: pessoas calmas explodem, pessoas egoístas podem ser generosas, pessoas inteligentes fazem burradas, pessoas inexperientes acertam, pessoas chiques agem de modo horroroso, pessoas idosas têm muita energia - vai depender da situação. Quando me perguntam se sou corajosa, respondo: corajosa para o quê? Para viajar sozinha, para entrar numa favela à noite, para brigar pelas minhas idéias, para matar uma lagartixa? Sou corajosa e medrosa, varia conforme a circunstância. Você, por exemplo, é uma pessoa alegre? Depende onde e quando: alegre pra missa de sétimo dia, alegre pra feriado na praia, alegre pra reconhecer firma em cartório, alegre pra aumento de salário? Ninguém corresponde 100% a um rótulo. Vale para todos os adjetivos e todos os pronomes pessoais: eu, tu, ele, nós, vós e eles...


Martha Medeiros

Mulher Banana

Melancia e a Mulher Jaca. Eu só soube da existência dessas criaturas na semana passada. São duas dançarinas de funk que ganharam notoriedade por possuir quadris avantajados (respectivamente, 121cm uma, 101cm a outra). Essa é toda a história, com começo, meio e fim.

Tem também a Mulher Rodízio, forma bem-humorada que a onipresente Preta Gil se autobatizou, justificando que ela tem carne pra todo mundo.

Pois agora vou apresentar pra vocês a grande novidade desse mercado tão nutritivo: a Mulher Banana.

A Mulher Banana, se tivesse um quadril de 120cm, correria três horas por dia numa esteira. Se isso não adiantasse, correria para uma mesa de cirurgia a fim de tirar uns cinco bifes de cada lado, porque ela considera bundão uma coisa muito vulgar. Faria isso por vaidade, pois acredita que, na prática, não faz a menor diferença para os homens se a mulher tem 90cm ou 120cm. Eu avisei que ela é Banana.

Essa questão da vulgaridade quase a deixa doente. Ela não se conforma de que a rafuagem ganhe tanto espaço na imprensa, incentivando um monte de menininhas a também rebolarem no pátio da escola. Ela morre de vergonha ao ver a mãe da Mulher Melancia dizer para um repórter que sente muito orgulho de ter uma filha vitoriosa. Ela se pergunta: pelamordedeus, não existe ninguém pra avisar essa gente que eles perderam o senso do ridículo? A Mulher Banana é totalmente sem noção, coitada. A Mulher Banana não se dá conta de que há pouco assunto para muito espaço na mídia. Não há novidade que chegue para preencher tanto conteúdo de internet, tanta matéria de revista, tanto programa de tevê, e é por isso que qualquer bizarrice vira notícia. Sem falar que, hoje em dia, tudo é cultura de massa, tudo é passível de análise para criarmos uma identidade nacional. Não, não, não pode ser!! Pode, Mulher Banana.

A Mulher Banana, como o próprio nome diz, é ingênua, inocente, tolinha. Ela acredita que o discernimento nasceu para todos e que ser elegante vale mais do que ser ordinária. É boba, mesmo. Não no mercado das mulheres hortifrutigranjeiras, minha cara. Aliás, mercado ao qual você também pertence. Banana.

A Mulher Banana ainda se choca com certas imagens, com certas fotos. Não que ela não acredite no que está bem diante do seu nariz (já sondei e não tem parentesco algum com a Velhinha de Taubaté). Ela vê, ela sabe, ela está bem informada. Só que não consegue tirar isso pra piada, não leva na boa, não passa batido: ela é tão Banana que se importa!!

Aviso desde já que a Mulher Banana não tem empresário, não posa para sites eróticos, não dá entrevistas e muito menos aceita sair de dentro de um bolo gigante usando só um tapa-sexo. Ela é Banana. Vai morrer sem dinheiro, só é rica em potássio. E não pense que é movida à inveja. Se fosse, invejaria a bundinha da Gisele Bündchen, que também andou à mostra esta semana e tem um tamanho bem razoável. A Mulher Banana, tadinha, ainda sonha com um padrão estético razoável e um comportamento social menos nanico. Não pode ser brasileira! Mas é, conheço-a como a mim mesma.

Martha Medeiros
Zero Hora

quarta-feira, 3 de junho de 2009


Desde 1906, quando Santos Dumont pilotou o primeiro avião, o 14-Bis, fazendo-o levantar voo com total autonomia, sem a ajuda de uma catapulta (como fizeram três anos antes os irmãos Wright), o mundo se curvou diante dessa invenção. O avião tem mais de 100 anos e segue mantendo uma aura de mistério e classe. Voar sempre foi o maior desejo do homem, e mesmo que hoje cruzem pelo céu milhares de aeronaves que partem e chegam dos mais diversos pontos, ainda assim é um meio de transporte que não se trivializou, e creio que manterá para sempre sua imponência.
Diariamente, vidas se perdem em acidentes de ônibus, de carro, de moto, de barco, e tudo é sempre muito comovedor, pois é o destino interrompendo a trajetória de alguém. Uma vez escutei que a morte de uma única pessoa é sempre uma tragédia, enquanto que a morte de centenas é apenas uma estatística. Uma visão fatalista da realidade, mas que não se aplica aos acidentes aéreos. Recentemente, uma família inteira faleceu durante a explosão de uma aeronave que aterrissava em Trancoso, na Bahia, e ficamos compungidos. Agora são 228 homens e mulheres desaparecidos, e ficamos muito mais. Nenhum desses corpos faz parte de uma estatística, e sim de um mito: a morte coletiva no veículo que é considerado o mais seguro do mundo e, ao mesmo tempo, a morte individual do sonho de cada um dos passageiros e tripulantes. Porque um avião está sempre carregado de sonhos.
A garota que finalmente conseguiu uma bolsa para estudar na Europa. O casal que contava os minutos para sua lua-de-mel. O grupo de amigos que economizou anos para fazer uma longa viagem depois da formatura. O empresário que se preparou para fechar um acordo internacional.
O artista que iria lançar seu trabalho em solo estrangeiro. O jogador de futebol se transferindo de time. A mãe que visitaria a filha pela primeira vez do outro lado do oceano. Um avião transporta todas essas histórias que, para a grande maioria da população, são contos-de-fada.
Mesmo nos voos domésticos, muitos deles precedidos de atrasos e bagunças em aeroportos, a fleuma se mantém. Ninguém esquece a primeira vez em que apertou o cinto e prestou a maior atenção nas informações que a comissária transmitia, com seus braços parecendo asas sinalizando as saídas de emergência. Nervosismo e êxtase: o risco levado a sério.
Então aquele bicho enorme e pesado ganha velocidade e começa a subir. A cidade vai ficando minúscula lá embaixo, as nuvens vão passando ao lado da sua janela, e o dia nublado e chuvoso deixado pra trás transforma-se num céu límpido, descortinado. Poucas horas depois, Rio de Janeiro, Salvador. Outras horas adiante, Londres, Nova York. Isso nunca vai ser considerado banal, por mais milhas que um viajante acumule.
Todas as pessoas têm sonhos, não importa de que tamanho. Todas merecem ser pranteadas, não importa de que modo falecem. Mas há coisas na vida que pertencem a um deslumbramento que não obedece à lógica. Um avião que cumpre a sua trajetória do início ao fim está realizando um passe de mágica com o qual ainda não nos acostumamos, prova disso é o número de gente que, em terra firme, assiste decolagens e aterrisagens como se fosse um espetáculo - e é. Quando a mágica não funciona, voltamos todos a um estado de descrença e dor: a ilusão não se cumpriu.

Martha Medeiros, 03/06/09, Jornal Zero Hora


O caráter acidentado

É um choque quando muitas pessoas morrem na mesma hora, numa mesma situação trágica. Acidente de avião é desestabilizador. Acidentes de ônibus, carro, atropelamentos, todos possuem um teor menor de impacto, mesmo que matem muito mais gente. Já com avião, a catástrofe é cinematográfica e, portanto, está no limiar da ficção - e isso subverte totalmente o que costumamos chamar de vida real.

Junto com a dor, vem a necessidade de culpar. Foi falha humana? Falha de equipamento? Governo omisso? Provavelmente tudo isso, mais o fator imponderável da falta de sorte. Acidentes de avião acontecem na França, na Alemanha, nos Estados Unidos, por motivos vários. O que devemos seguir cobrando com rigor é a responsabilidade pelo caos que acontece todos os dias dentro dos nossos aeroportos, há quase um ano, com atrasos e cancelamentos que não se explicam. Ou que talvez se expliquem se colocarmos o dedo onde dói. No caráter nacional.

O Brasil é um país ótimo em alguns aspectos - natureza, musicalidade, espírito esportivo - , mas traz um gene defeituoso que atinge a nação inteira, mesmo que muitas pessoas se excluam desta análise: "Eu não!" Você não, eu também não, e tantos outros repetirão: nós não! Mas não é momento de se excluir. Todos nós, sim.

O brasileiro, generalizando, sofre de fraqueza moral. A corrupção é um problema que atinge todos os países do mundo, mas aqui esta praga foi institucionalizada, atinge todos os setores, todas as relações de poder, do guarda de trânsito ao presidente. Pais e mães que presenteiam os filhos por tirarem boas notas já estão introduzindo o vírus. Aprende-se que as coisas só funcionam diante de "acertos" prévios. Quando o Gerson fez aquela propaganda de cigarro em que dizia que o importante era levar vantagem em tudo, estava traduzindo exatamente o que somos e pensamos - isso há mais de 30 anos! Foi na mosca. Doeu, de tão verdadeiro. O aceno de uma nota de dinheiro basta para flexibilizar regulamentos, desfazer leis, desrespeitar normas. Temos uma inclinação natural para o lucro a qualquer custo. Claro que há muita gente honesta, mas não em número suficiente para contrabalançar. E mesmo alguns desses honestos têm seu preço.

Eu sei: você não, sua família também não, a minha tampouco. Mas me permita colocar todos no mesmo barco, para não ser mais uma colunista a apontar os defeitos alheios como se estivesse acima do bem e do mal. Mesmo quem nunca fez nada errado, já viu fazer e não denunciou, não berrou, não interferiu. Ninguém é santo neste país, a não ser Frei Galvão, até segunda ordem.

Eu ando cansada de malhar apenas os políticos, como se eles tivessem sido criados em cativeiro, como se todos os homens e mulheres com cargos públicos viessem de um país estranho ao nosso, como se o "eles lá" e "nós aqui" determinasse uma natural fronteira ética. Então eles são a corja e nós as vítimas? Simples assim?

Perdoem-me aqueles trabalhadores corretos e incorruptíveis, sei que são muitos, mas ainda assim, muito poucos. A única saída para o Brasil é uma mudança radical de caráter, uma reeducação avassaladora em todos os lares, em toda a sociedade. Como se faz isso? Talvez privilegiando este assunto no currículo escolar, incentivando a delação dos corruptos que agem em pequenas esferas e havendo muito mais rigor na punição. Mas se os próprios agentes punidores são os primeiros a aceitar uma cervejinha, o que nos resta? Nossa dignidade segue restrita a um blablablá inoperante. Somos os reis da boa intenção, enquanto a gaiatice rola solta, orgulho do Brasil. Desculpem a total falta de esperança, mas para sermos um país decente pra valer, só sendo descobertos de novo.

Martha Medeiros


segunda-feira, 1 de junho de 2009

O amor em estado bruto

O que é o que é?
Faz vc ter olhos para uma única pessoa, faz vc não precisar mais sair sozinho, faz vc querer trocar sobrenome, faz vc querer morar sob o mesmo teto. Errou. Não é amor.
Todo mundo se pergunta o que é o amor. Há quem diga que ele nem existe, que é na verdade uma necessidade suplérflua criada por um estupendo planejamento de marketing; desde criança somos condicionados a eleger um príncipe ou princesa e com eles viver até que a morte nos separe. Assim, a sociedade se organiza, a economia prospera e o mundo não foge do controle.
O parágrafo anterior responde o primeiro.
Não é amor querer fundir uma vida com a outra. Isso se chama associação: duas pessoas com metas comuns escolhem viver juntas para executar um projeto único, que quase sempre é o de constituir uma família. Absolutamente legítimo, e o amor pode estar incluído no pacote. Mas não é isso o que define o amor.
Seguramente, o amor existe. Mas, por não termos vontade ou capacidade para questionar certas convenções estabelecidas, acreditamos que dar amor a alguém é entregar a essa pessoa nossa vida. Não só nosso eu tangível, mas entregar também, nossas fantasias, nossa libido, nossa energia: tudo aquilo que não pode tentar capturar através da possessão.
O amor em seu estado bruto, o amor 100% puro, o amor desvinculado das regras sociais é o amor mais absoluto e o que maior felicidade deveria proporcionar. Não proporciona porque exigimos que ele venha com certificado de garantia, atestado de bons antecedentes e comprovante de renda e residência. Queremos um amor ficha-limpa para que possamos contrata-lo para um cargo vitalício. Não nos agrada a idéia de um amor solteiro. Tratamos rapidamente de compromete-lo, não com nosso amor, mas com nossas projeções.
O amor, na essência, necessita de três aditivos: correspondência, desejo físico e felicidade. Se alguém retribui seu sentimento, se o sexo é vigoroso e se ambos se sentem felizes na companhia um do outro, nada mais deveria importar. Por nada, entenda-se: não deveria importar se o outro gosta de fazer algumas coisas sozinho, se o outro tem preferências diferentes das sua, se o outro é mais moço ou mais velho, bonito ou feio, se vive em outro país ou no mesmo apartamento e quantas vezes telefona por dia. Tempo, pensamento, fantasia, libido e energia são solteiros, mesmo contra a nossa vontade. Não podemos lutar contra a independência das coisas. Alianças de ouro e demais rituais de matrimonio não nos casam. O amor é e sempre será autônomo.
Fácil de escrever, bonito de imaginar, porém dificilmente realizável. Não é assim que estruturamos a sociedade. Amor se captura, domestica, se guarda em casa. As vezes forçamos a sua estada e quase sempre entregamos a ele o direitos autorais de nossa existência. Quando o perdemos, sofremos. Melhor nem pensar na possibilidade de que poderíamos sofrer menos.

Martha Medeiros

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