terça-feira, 31 de março de 2009

Namorar você!

Quero namorar suas palavras e as outras que você copiou de alguém.
Quero namorar seus sentimentos, suas verdades.
Suas mentiras também.
Quero namorar sua cultura e suas limitações.
Quero namorar suas formas... e aprender a te namorar a cada vez que sua moldura for retocada pelo tempo.
Quero namorar sua voz e seu silêncio.
Suas conclusões e suas interrogações.
Suas dúvidas e suas certezas.
Seus anseios, seus receios, suas vontades e suas coragens.
Seu céu e seu inferno.
Quero namorar seus sonhos e aliviar seus pesadelos.
Quero amarrotar seus lençóis, e acordar do seu lado.
Quero perceber o brilho dos seus olhos, para poder realizar todos os seus pequenos sonhos... e dar tudo de mim para realizar os grandes também!
Quero ser seu único.
Seu diamante perfeito.
Sua pedra preciosa.
A jóia que você queira usar nos melhores momentos da sua vida.
Quero desfilar contigo, sempre ao lado!!
Mas, quero aprender a ser coadjuvante quando a individualidade lhe for necessária.
E se, ainda assim, não conseguir ser suficiente, vou descobrir coisas novas, além daquilo que você tenha pensado ou desejado.
Por fim, depois de tentar lhe fazer única, quero partir por último, para não lhe causar a dor de chorar por mim.

Autoria de Mozart Boaventura Sobrinho

Quer um pedaço de bolo?

A filha dizia a sua mãe como tudo ia errado. Ela não se saiu bem na prova de matemática, o namorado resolveu terminar com ela e a sua melhor amiga estava de mudança para outra cidade.
Enquanto isso, sua mãe preparava um bolo e perguntou se a filha gostaria de um pedaço, e ela disse:
- É claro mãe, eu adoro os seus bolos.
- Toma um pouco de óleo de cozinha.
- Credo!
- Que tal então comer uns ovos crus?
- Que nojo, mãe!
- Quer então um pouquinho de farinha de trigo ou bicarbonato de sódio?
- Mãe, isso não presta!
A mãe então respondeu:
- É verdade, todas essas coisas parecem ruins sozinhas, mas quando as colocamos juntas, na medida certa, elas fazem um bolo delicioso!
Deus trabalha do mesmo jeito.
Às vezes, a gente se pergunta por que ele quis que nós passássemos por momentos difíceis, mas Deus sabe que, quando Ele põe todas essas coisas na ordem exata, elas sempre nos farão bem.
A gente só precisa confiar Nele e todas essas coisas ruins se tornarão algo fantástico!
Deus é louco por você. Ele te manda flores em todas as primaveras e o nascer o sol todas as manhãs.
Sempre que você quiser conversar, ele vai te ouvir.
Ele pode viver em qualquer lugar do universo. E Ele escolheu o seu coração.

Ah, o coração...

Acho uma pena que falar em coração tenha se tornado uma coisa tão antiga.
Mas o fato é que tornou-se.
Coração dilacerado, coração em pedaços, coração na mão...
Sentimos tudo isso, mas a verbalização soa piegas.
E, no entanto, estamos falando dele, do nosso órgão mais vital, do nosso armazenador de emoções, do mais forte opositor do cérebro, este sim, em fase de grande prestígio.
O que está em alta?
Inteligência, raciocínio, lógica, perspicácia!
Gostamos de pessoas que pensam rápido, que são coerentes, que evoluem, que fazem os outros rirem com suas ironias e comentários espertos.
Toda essa eficiência só corre risco de desandar quando entra em cena o inimigo número 1 do cérebro: o coração.
É o coração que faz com que uma super mulher independente derrame baldes de lágrimas por causa de uma discussão com o namorado.
É o coração que faz com que o empresário que precisa enxugar a folha de pagamento relute em demitir um pai de família.
É o coração que faz com que todos tremam seus queixinhos quando o Faustão põe no ar o quadro arquivo confidencial!
Eu gostaria que o coração fosse reabilitado, que a simples menção dessa palavra não sugerisse sentimentalismo barato, mas para isso é preciso tratá-lo com o mesmo respeito com que tratamos o cérebro, e com a mesma economia.
Se a expressão "beijo no coração" é considerada "over¿, voltemos a ser simples.
Mandemos beijos e abraços sem determinar onde; quem os receber, tratará de senti-los no local adequado.

Autoria de Martha Medeiros

Você é transparente?

Às vezes, fico me perguntando: por que é tão difícil assim...
Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros.
Mas, ser transparente é muito mais do que isso.
É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente...
Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair as máscaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que nos empenhamos tanto para levantar...
Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche, transborde!
Mas, infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco.
É preferível a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana?
Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser...
Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas a simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo!
Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos, preferimos assim: manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção...
E assim, vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos...
Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado.
Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar, doçura, compaixão, a compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos...
Daquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos!
Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer: "você está me machucando. Pode parar, por favor?"
Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro.
Quando, na verdade, se agíssemos com o coração, poderíamos evitar tanta dor...
Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura!
Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencível.
Que consigamos não tentar controlar tanto, responder tanto, competir tanto, que consigamos docemente viver, sentir, amar...
E que você seja não só razão, mas também coração, não só um escudo, mas também sentimento.
Seja transparente, apesar de todo o risco que isso possa significar.

Vamos separar as sílabas?

Sílabas da palavra acordar: a-cor-dar.
Viu? Significa dar a cor, colocar o coração em tudo que faz.
Existem pessoas que acordam às 6h da tarde.
É isso mesmo! Pela manhã caem da cama, são jogadas da cama, mas passam o dia todo dormindo.
E existem alguns, acredite, que passam a vida toda e não conseguem acordar.
Eu tive um amigo que a-cor-deu aos 54 anos de idade.
Ele me disse:
- Ana, descobri que estou na profissão errada!
E ele já estava se aposentando...
Imagine o trauma que esse amigo criou para si, para os colegas de trabalho, para a sua família!
Foi infeliz durante toda sua vida profissional porque simplesmente não "acordou".
Eu, na época, era muito jovem, mas compreendi bem o que ele estava me ensinando naquele momento.
Por mais cinzento que possa ser o dia de hoje, ele tem exatamente a cor que dou a ele.
Sabe por quê?
Por que a vida tem a cor que "a gente pinta".
O engraçado é que os dias são todos exclusivos.
Cada dia é um novo dia, ninguém o viveu.
Ele está ali, esperando que você... eu... façamos com que ele seja o melhor da nossa vida.
Os meus dias são os mais lindos porque eu os faço ser os mais lindos da face da Terra.
Acredite em você! O universo é o limite!
Dê a você a oportunidade de "a-cor-dar" todos os dias e compartilhar com os outros o que temos de melhor: o privilégio de ser e fazer os outros felizes.

Felicidade no trabalho


Numa agência de publicidade de São Paulo, felicidade no trabalho é assunto sério.
Quem trabalha lá conhece de cor e salteado o manifesto escrito por Julio Ribeiro, fundador e presidente da agência. Ele diz assim:
1) Assumir que tristeza não é parte obrigatória do ato de trabalhar. Ficar triste com o trabalho é como ir para o inferno todos os dias. O modelo ideal é trabalhar, rir e cantar.
2) É preciso ter consciência de que o ato de trabalhar não é a coisa mais importante que se pode fazer nesta empresa. Muito mais importante é pensar, é usar a inteligência no sentido de pensar soluções novas, produtivas e gratificantes.
3) Para pensar com produtividade, é preciso ter consciência da própria inteligência e da própria capacidade de realizar. "A agência só vai ser a maior do Brasil porque eu trabalho aqui." (diz o manual).
4) A capacidade de resolver problemas está diretamente ligada à capacidade de apaixonar-se por eles. Sem paixão, tudo o que se produz fica medíocre.
5) O afeto e a solidariedade geram alegria. Quem não gosta dos outros está sempre triste. Quem não é solidário produz pouco.
6) Afeto, prosperidade e alegria é a melhor proposta de trabalho que alguém pode fazer.

Aproveite a folga pra pensar em como anda sua vida no trabalho... em casa (porque vale pra casa também). Esse recado pode te ajudar a mudar tudo!

Texto extraído do portal Você S.A. - abril de 2007

Hoje organizei meus sonhos em seqüência e prioridades...

HOJE ORGANIZEI MEUS SONHOS EM SEQÜÊNCIA E PRIORIDADES
DESCARTEI AMORES DUVIDOSOS, AMORES FEITOS DE PROMESSAS
CAMUFLADOS SOB O MANTO DO AMANHÃ QUE NUNCA ACONTECE
POR MEDO, COVARDIA, COMODISMO, INSEGURANÇA OU... SEI LÁ.

NÃO QUERO MAIS ENIGMAS QUE DEVORAM MINHAS EXPECTATIVAS
NEM A FACE ENRUGADA DA TRISTEZA REFLETIDA NO MEU ESPELHO.
QUERO RECRIAR A CANÇÃO DA MINHA VIDA EM NOTAS DE ALEGRIA
E RESGATAR O PROJETO ORIGINAL DA MENINA QUE ERA FELIZ E SABIA.

HOJE EU DISSE ADEUS ÀS PROMESSAS CONSTRUÍDAS EM SÉRIES
E ABANDONEI AS UTOPIAS FEITAS EM CERÂMICA QUE TRINCARAM./
NÃO MAIS EMPRESTAREI MINHA ALMA A MOLDES DISFORMES
NEM USAREI AS LÁGRIMAS PARA UMEDECER O BARRO SEM ARTE.

NÃO QUERO O MARTÍRIO DE UM PARAÍSO DO OUTRO LADO DO MURO
NEM O MAPA PARA QUE EU SIGA PISTAS DE POTENCIAL VITÓRIA
QUERO A FELICIDADE BEIJANDO MINHA BOCA COM SOFREGUIDÃO
E O AMOR PRESENTE FAZENDO BAGUNÇA NO MEU CORAÇÃO.

Texto "Decisão", de Lady Foppa

E antes que se dê conta...

MAS ENTÃO CHEGA OS 30
OOOOH, QUE ACONTECE AGORA?
ESSA MATEMÁTICA COMEÇA A DESACELERAR...
O QUE ESTÁ ERRADO? O QUE MUDOU?

O TEMPO CONTINUA A CORRER E VOCÊ "COMPLETA" 40 ANOS!
AÍ PISA NO FREIO PORQUE ESTÁ TUDO DERRAPANDO!

E, ANTES QUE SE DÊ CONTA, "CHEGA" AOS 50 E O RELÓGIO GALOPA
E LOGO "ALCANÇA" OS 60

RECAPITULANDO:
VOCÊ COMPLETA 21
'SE TORNA' 30...
'EMPURRA' OS 40...
CHEGA AOS 50....
E ALCANÇA OS 60.

SEGUINDO NO EMBALO BATE NOS 70... NOS 80 E NUM PISCAR DE OLHOS NOS 90....
AÍ A RODA SE INVERTE... E O RELÓGIO DA MARCHA À RÉ./
SE PASSA DOS 100, VOCÊ SE TORNA CRIANÇA OUTRA VEZ.
TENHO 100 E MEIO!

QUER UM CONSELHO:
LIVRE-SE DE TODOS OS NÚMEROS NÃO-ESSENCIAIS. ISTO INCLUI IDADE, PESO E ALTURA. DEIXE OS MÉDICOS SE PREOCUPAR COM ELES.

APRECIE AS COISAS SIMPLES.

E LEMBRE-SE SEMPRE:

A VIDA NÃO É MEDIDA PELA QUANTIDADE DE VEZES QUE RESPIRAMOS, MAS PELOS MOMENTOS QUE NOS TIRAM A RESPIRAÇÃO.

E AO CHEGARMOS AO FIM DELA É BOM PODER DIZER:
"P.Q.P"... QUE VIAGEM!

Sempre Vejo Anunciados Cursos de Oratória...



Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar.

Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular.

Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que "não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma". Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas. Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.

Parafraseio o Alberto Caeiro: "Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma". Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.

Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.

Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos...

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios. Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, [...]. Abrindo vazios de silêncio. Expulsando todas as idéias estranhas.). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem.

Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades. Primeira: "Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado". Segunda: "Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou". Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada.

O longo silêncio quer dizer: "Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou". E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.

Eu comecei a ouvir.

Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras.

A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia e que de tão linda nos faz chorar.

Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.
Rubem Alves

quinta-feira, 26 de março de 2009

Homenagem Aos 37 Anos da Nossa Porto Alegre.
Apenas que ama essa cidade consegue enxergar este sol deste jeito.


A mal entendida

Porto Alegre vive à beira de alguns mal-entendidos.

Para começar, vive à beira de um rio que não é rio. O Guaíba é um estuário, ou como quer que se chame essa espécie de ante-sala onde cinco rios se reúnem para entrar juntos na Lagoa dos Patos. Mas todos o chamam de Rio Guaíba.

A rua principal da cidade não existe. Você rodará toda a cidade à procura da Rua da Praia e não a encontrará. Usando a lógica - o que é sempre arriscado, em Porto Alegre - procurará uma rua que margeia o rio (que não é rio), ou que comece ou termine numa praia. Se dará mal. Não há praias no centro da cidade, e nenhuma rua ao longo do falso rio se chama "da praia". Finalmente, desconfiado de que a rua principal só pode ser aquela que concentra a maior parte do tráfego de pedestres no centro, você consultará a placa e lerá "Rua dos Andradas". Mas ninguém a chama de Rua dos
Andradas, chamam pelo nome antigo, Rua da Praia. Por que da praia? Ninguém sabe. Só se sabe que ela vai da Ponta do Gasômetro, que não é mais Gasômetro, até a Praça Dom Feliciano, que todos chamam Praça de Santa Casa, passando pela Praça da Alfândega, que já foi praça Senador Florêncio, mas voltou a ser Praça da Alfândega porque ficava na frente da Alfândega - que não existe mais.

Confuso, você talvez entre no prédio da prefeitura para pedir satisfações, só para descobrir que entrou no prédio errado. Existe outra prefeitura, a nova, atrás da velha, que por sua vez tem na frente uma praça chamada não Porto Alegre mas Montevidéu.

Na prefeitura certa talvez lhe digam para ir se queixar ao bispo, tendo que, para isto, subir a Rua da Ladeira até a Praça da Matriz, onde fica a Catedral. Desista. Você não encontrará a Rua da Ladeira, que hoje se chama (só ela se chama, porque ninguém mais a chama assim) General Câmara, e a Praça da Matriz na verdade é a Praça Marechal Deodoro, embora poucos porto-alegrenses saibam disto.

A única vantagem de toda esta confusão é que você precisará de muito tempo para ir decifrando Porto Alegre, ao contrário do que acontece em cidades previsíveis e sem graça como Paris, Roma, etc., onde tudo tem o mesmo nome há séculos - e ir degustando-a aos poucos. Acho que não se decepcionará.

Vencidos os primeiros mal-entendidos e localizada, por exemplo, a “Praça da Matriz”, você pode fazer uma visita ao Theatro São Pedro, um dos orgulhos da cidade com seu prédio em estilo barroco português e sua pequena platéia em forma de ferradura. Há quem diga que é o teatro mais bonito do Brasil. Certamente é o mais bem cuidado. Inaugurado em 1858, esteve fechado por uns tempos e foi magnificamente restaurado para sua reinauguração há poucos anos. Da sacada do seu primeiro andar, onde ficam o foyer e o café, você pode olhar a Praça de cima. Se tiver sorte, os jacarandás estarão florindo. Do outro lado da praça estão a Catedral e o palácio do governo estadual, ou Palácio Piratini, esse no estilo neoclássico francês. Duas coisas surpreendem alguns visitantes em Porto Alegre pela quantidade insuspeitada: a arquitetura neoclássica e os jacarandás.

Saindo do Theatro São Pedro você pode aproveitar para dar uma olhada na Biblioteca Pública (outro exemplo do estilo neoclássico), e principalmente uma espiada no seu Salão Mourisco, ricamente decorado. Desça a Rua da Ladeira. Está bem, a General Câmara. Você chegará ao chamado Largo dos Medeiros e a outro mal-entendido municipal. O largo tem este nome extra-oficial em homenagem a um café que tinha ali e não tem mais. Não, não se chamava Café Medeiros, os donos é que se chamavam assim. Não importa, vire à esquerda e siga pela Rua da Praia - dos Andradas! dos Andradas! - passando a Praça da Alfândega, onde todas as primaveras se realiza a famosa Feira do Livro de Porto Alegre.

Depois de uma curta caminhada você chegará ao antigo Hotel Majestic, hoje belissimamente transformado na Casa de Cultura Mario Quintana, com teatros, cinemas e salas para cursos e exposições. Vale a pena entrar para ver o que foi feito do velho hotel e ir até o Café Concerto na sua parte superior, ou então deixar para voltar lá na hora do pôr-do-sol. Um pouco mais adiante na mesma Rua da Praia, à sua esquerda, você verá a igreja Nossa Senhora das Dores, com uma grande escadaria na frente. A fachada e a escadaria são iluminadas à noite, é uma das bonitas visões da cidade.

Volte pela mesma Rua da Praia em direção ao centro. Ao chegar à Avenida Borges de Medeiros, pegue a esquerda e desça até o Mercado Público, perto da prefeitura e da já citada Praça Montevidéu, onde está a graciosa Fonte de Talavera de la Reina, um presente da comunidade espanhola à cidade. Passeie dentro do mercado e veja as suas "bancas" especializadas, como a que vende vários tipos diferentes de erva para o chimarrão. Os morangos com nata batida da Banca 43 são famosos.

O pôr-do-sol não pode ser reivindicado como atração turística de Porto Alegre, já que tecnicamente ele acontece fora dos limites estritos do município, mas saber se colocar para assisti-lo é uma das artes da cidade. O novo Café Concerto, na cúpula do antigo Hotel Majestic, com uma vista desimpedida do “rio” e do poente, já tem seus adeptos, mas o ponto tradicional dos crepusculistas é o mirante do Morro de Santa Teresa. Você precisará de transporte para ir do centro até lá e se for de táxi, para evitar outro mal-entendido, diga ao motorista que quer ir ao “Morro da Televisão”. Do mesmo mirante você terá a melhor vista da cidade, cuja topografia já foi comparada à de São Francisco na Califórnia. E verá, lá embaixo, o imponente estádio do grande Sport Club Internacional.

Outro bom lugar para se olhar a cidade e o pôr-do-sol é o Morro do Turista. Para chegar lá você precisa pedir para ser levado ao Morro da Polícia. É o mesmo morro.

Aos domingos pela manhã, boa parte da população de Porto Alegre vai ao “Brique da Redenção”, assim chamado porque fica no Parque Farroupilha. Calma. O Parque Farroupilha, um dos maiores parques urbanos do mundo, é conhecido pelos porto-alegrenses como Parque da Redenção. Ou, sucintamente, “a Redenção”. “Brique”, na língua gaúcha, é o encurtamento de “briqueabraque” e é uma feira de antigüidades em que tudo, até revista da semana passada, é considerado antigüidade. Mas em meio às porcarias assumidas, há louças e pratarias, livros valiosos, selos e moedas e principalmente muita gente vendendo, comprando ou só passeando.

O parque se chama Farroupilha em homenagem à revolução do mesmo nome que os gaúchos fizeram em 1835 contra o império, proclamando a República Rio-grandense. Mas, embora todo mundo aqui hoje comemore a insurreição, Porto Alegre manteve-se fiel ao governo central e por isto mereceu o título de “leal e valorosa cidade” conferido pelo imperador Pedro II, e que está no seu brasão.
Outro mal-entendido.

Luis Fernando Veríssmo

segunda-feira, 16 de março de 2009

SINCERIDADE: EIS O SEGREDO

''Sinceridade: eis o segredo'' Como suportar a prova? Pela sinceridade total diante do Senhor. A palavra sincero vem de "sem cera". Os antigos gregos e romanos faziam um teatro bem semelhante ao teatro moderno: uma mesma pessoa acabava fazendo vários personagens. Trocavam de personagens apenas trocando "máscaras", que eram feitas de cera. "Sem cera" quer dizer "sem máscara", sem representação. Não podemos representar diante de Deus, precisamos ser sinceros! Temos de ser verdadeiros diante do Senhor, até mesmo diante de nossas fraquezas. São Paulo nos diz isso de uma maneira linda: ''Portanto eu me comprazo nas fraquezas, nos insultos, nos constrangimentos, nas perseguições e nas angústias por Cristo! Pois quando sou fraco, então é que sou forte''. (2Cor 12,10). Deus é forte em você, por isso Ele lhe faz forte. Não tenha medo de ser sincero diante do Senhor, de confessar - Lhe os pecados mais secretos. Não tenha medo do pecado, e sim de não ser sincero diante de Deus.

segunda-feira, 9 de março de 2009

A Maior Bronca que eu levei

Tínhamos uma aula de Fisiologia na escola de medicina logo após a semana da Pátria.
Como a maioria dos alunos havia viajado aproveitando o feriado prolongado, todos estavam ansiosos para contar as novidades aos colegas e a excitação era geral.
Um velho professor entrou na sala e imediatamente percebeu que iria ter trabalho para conseguir silêncio.
Com grande dose de paciência tentou começar a aula, mas você acha que minha turma correspondeu? Que nada. Com um certo constrangimento, o professo tornou a pedir silêncio educadamente.
Não adiantou, ignoramos a solicitação e continuamos firmes na conversa.
Foi aí que o velho professor perdeu a paciência e deu a maior bronca que eu já presenciei. Veja o que ele disse:
- Prestem atenção porque eu vou falar isso uma única vez - disse - levantando a voz e um silêncio carregado de culpa se instalou em toda a sala e o professor continuou.
- Desde que comecei a lecionar, isso já faz muitos anos, descobri que nós professores, trabalhamos apenas 5% dos alunos de uma turma. Em todos esses anos observei que de cada cem alunos, apenas cinco são realmente aqueles que fazem alguma diferença no futuro; apenas cinco se tornam profissionais brilhantes e contribuem de forma significativa para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Os outros 95% servem apenas para fazer volume; são medíocres e passam pela vida sem deixar nada de útil. O interessante é que esta porcentagem vale para todo o mundo. Se vocês prestarem atenção notarão que de cem professores, apenas cinco são aqueles que fazem a diferença; de cem garçons, apenas cinco são excelentes; de cem motoristas de táxi, apenas cinco são verdadeiros profissionais; e podemos generalizar ainda mais: de cem pessoas, apenas cinco são verdadeiramente especiais. É uma pena muito grande não termos como separar estes 5% do resto, pois se isso fosse possível, eu deixaria apenas os alunos especiais nesta sala e colocaria os demais para fora, então teria o silêncio necessário para dar uma boa aula e dormiria tranqüilo sabendo ter investido nos melhores. Mas, infelizmente não há como saber quais de vocês são estes alunos. Só o tempo é capaz de mostrar isso. Portanto, terei de me conformar e tentar dar uma aula para os alunos especiais, apesar da confusão que estará sendo feita pelo resto. Claro que cada um de vocês sempre pode escolher a qual grupo pertencerá. Obrigado pela atenção e vamos à aula de hoje.
Nem preciso dizer o silêncio que ficou na sala e o nível de atenção que o professor conseguiu após aquele discurso. Aliás, a bronca tocou fundo em todos nós, pois minha turma teve um comportamento exemplar em todas as aulas de Fisiologia durante todo o semestre; afinal quem gostaria de espontaneamente ser classificado como fazendo parte do resto?
Hoje não me lembro muita coisa das aulas de Fisiologia, mas a bronca do professor eu nunca mais esqueci.
Para mim, aquele professor foi um dos 5% que fizeram a diferença em minha vida.
De fato, percebi que ele tinha razão e, desde então, tenho feito de tudo para ficar sempre no grupo dos 5%, mas, como ele disse, não há como saber se estamos indo bem ou não; só o tempo dirá a que grupo pertencemos.
Contudo, uma coisa é certa: se não tentarmos ser especiais em tudo que fazemos, se não tentarmos fazer tudo o melhor possível, seguramente sobraremos na turma do resto.

Um mestre e seus discípulos iam por uma estrada e, quando passavam por uma ponte, viram um escorpião sendo arrastado pelas águas. O mestre correu pela margem do rio, meteu-se na água e tomou o bichinho na mão.
Quando o trazia para fora, o bichinho o picou e, devido à dor, o mestre deixou-o cair novamente no rio. Foi então, à margem tomou um ramo de árvore, adiantou-se outra vez a correr pela margem, entrou no rio, colheu o escorpião e o salvou. Voltou o mestre e juntou-se aos discípulos na estrada.
Eles haviam assistido à cena e o receberam perplexos e penalizados.
- Mestre, deve estar doendo muito! Porque foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Que se afogasse! Seria um a menos! Veja como ele respondeu à sua ajuda! Picou a mão que o salvara! Não merecia sua compaixão!
O mestre ouviu tranqüilamente os comentários e respondeu:
- Ele agiu conforme sua natureza, e eu de acordo com a minha.

Reflexão:
Esta parábola nos faz refletir a forma de melhor compreender e aceitar as pessoas. Não podemos e nem temos o direito de mudar o outro mas podemos melhorar nossas próprias reações e atitudes, sabendo que cada um dá o que tem e o que pode.
Devemos fazer a nossa parte com amor, paciência e respeito ao próximo. Cada qual conforme sua natureza, e não conforme a do outro.

Canção de Ninar


Eu, um brasileiro morando nos Estados Unidos da América, para ajudar no orçamento, estou fazendo "bico" de babá e estudante. Ao cuidar de uma das meninas de quem eu "teoricamente" tomo conta, uma vez cantei "Boi da cara preta" para ela, antes dela dormir. Ela adorou e essa passou a ser a música que ela sempre pede para eu cantar ao colocá- la para dormir.
Antes de adotarmos o "boi, boi, boi" como canção de ninar, a canção que cantávamos (em inglês) dizia algo como: "Boa noite, linda menina, durma bem. Sonhos doces venham para você, sonhos doces por toda noite"...(que lindo, né mesmo!?)
Eis que um dia Mary Helen me pergunta o que as palavras em português da música "Boi da cara preta" queriam dizer em inglês:
Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta..." (???)
Como eu ia explicar para ela e dizer que, na verdade, a música "boi da cara preta" era uma ameaça, era algo como "dorme logo, caralho, senão o boi vem te comer"? Como explicar que eu estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que incita um bovino de cor negra a pegar uma cândida menina?
Claro que menti para ela, mas comecei a pensar em outras canções infantis, pois não me sentiria bem ameaçando aquela menina com um temível boi toda noite...
Que tal! "nana neném que a cuca vai pegar..."?
Caramba... outra ameaça! Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto!
Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse positiva e de uma longa reflexão, eu descobri toda a origem dos problemas do Brasil. O problema do Brasil é que a sua população em geral tem uma auto-estima muito baixa. Isso faz com que os brasileiros se sintam sempre inferiores e ameaçados, passivos o suficiente para aceitar qualquer tipo de extorsão e exploração, seja interna ou externa. Por que isso acontece?
Trauma de infância!
Trauma causado pelas canções da infância. Vou explicar: Nós somos ameaçados, amedrontados e encaramos tragédias desde o berço! Por isso levamos tanta porrada da vida e ficamos quietos. Exemplificarei minha tese:
Atirei o pau no gato-to-to
Mas o gato-to-to não morreu-reu-reu
Dona Chica-ca-ca admirou-se-se
Do berrô, do berrô que o gato deu
Miaaau!
Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito aos animais (pobre gato) e crueldade. Por que atirar o pau no gato, essa criatura tão indefesa? E para acentuar a gravidade, ainda relata o sadismo dessa mulher sob a alcunha de "D. Chica". Uma vergonha!
Vem cá, Bitu! vem cá, Bitu!
Vem cá, meu bem, vem cá!
Não vou lá! Não vou lá, Não vou lá!
Tenho medo de apanhar.
Quem é o adulto sádico que criou essa rima? No mínimo ele espancava o pobre Bitú...
Marcha soldado, cabeça de papel!
Quem não marchar direito,
Vai preso pro quartel!
De novo: ameaça. Ou obedece ou você vai se fu... não é à toa que brasileiro admite tudo de cabeça baixa...
A canoa virou,
Foi deixar ela virar,
Foi por causa da (nome de pessoa)
Que não soube remar.
Ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras são ensinadas a dedurar o dedo e condenar um semelhante. Bate nele, mãe!
Samba-lelê tá doente,
Tá com a cabeça quebrada.
Samba-lelê precisava
É de umas boas palmadas.
A pessoa, conhecida como Samba-lelê, encontra-se com a saúde debilitada, necessita de cuidados médicos mas, ao invés de compaixão e apoio, a música diz que ela precisa de palmadas! Acho que o Samba-lelê deve ser irmão do Bitú...
O anel que tu me deste
Era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou...
Como crescer e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir essa passagem anos a fio?
O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada;
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada.
O cravo ficou doente,
A rosa foi visitar;
O cravo teve um desmaio,
A rosa pôs-se a chorar.
Desgraça, desgraça, desgraça! E ainda incita a violência conjugal (releia a primeira estrofe).
Precisamos lutar contra essas lembranças, meus amigos! Nossos filhos merecem um futuro melhor!

A sonoridade secreta da cítara Indiana

....)


Bom lembrar, a quem não sabe,que a cítara é composta de duas camadas de cordas superpostas, uma sobre a outra, muito próximas,sem nunca se tocarem.
A camada de cima é sensibilizada pelo músico, e a de baixo não pode nunca ser tocada pelos dedos.
Quem pouco entende dos segredos sonoros pode perguntar-se por que razão um instrumento musical tem cordas que não são tocadas.
A beleza desse mistério está justamente na harmonia que enlaça as duas camadas.
Os dedos não tocam a de baixo para que suas cordas possam vibrar pela magia de uma coisa muito mais sutil que os dedos.
Tangidas pelos sons que brotam das primeiras elas reverberam e fazem nascer uma outra música, diversa daquela que o artista produziu.
Eis o segredo.
Eis a sensibilidade.
Olhemos agora para nós.
Quem sabe sejamos cítaras humanas, que vivem dentro de um encanto chamado vida, provocado pelo carinho criador de Deus;
Lá dentro, no fundo de nossa essência, estão as segundas cordas de uma única verdade, que os dedos nunca tocam, mas que fazem ouvir uma outra voz, a vibrar pelos escaninhos do silêncio...
Vem de lá uma canção imortal,jamais tocada, mas que, se ouvida, pode dizer muito de nós.
Talvez seja esta a melodia diferente que os bons médiuns ouvem. Aqueles que lêem com amor o não-dito das palavras humanas, separando a mentira da verdade, o joio do trigo, e escolhendo o bem.
Talvez seja, essa música oculta, a melhor definição de amizade.
Afinal, o que um amigo faz senão educar-se para escutar nosso silêncio, que às vezes busca um abraço, um momento de atenção para aplacar sua melancolia?
Um companheiro, é primeiro um amigo e um amigo é também algo mais.
É aquele que faz do seu sossego um recanto confiável, onde o outro pode guardar seus segredos se não ter medo de perdê-los.
Um amigo é aquele onde nossa segunda pauta encontra eco, porque sabe que no âmbito da amizade a solidão é um convite ao recolhimento, para que sejamos ouvidos, para que possamos reverberar.
Nos braços de um amigo, nossa solidão se dilui no suave aroma da partilha.
Você, a quem muitos consideram verdadeiro irmão, pode treinar os ouvidos do sentimento para escutar uma nova melodia.
Preste, porém, menos atenção no que as pessoas irão tocar e mais nos sons daquelas cordas que nunca serão tangidas.
Aproveite, também para apreciar a beleza da música que brota de todo lugar.
Mesmo a do silêncio...
Aí escutará a segunda canção de Deus, convidando-o a que habite uma realidade nova: a de ser, finalmente, um bom e melhor amigo, que com muito amor, aprendeu a chamar os outros para fora da solidão..

domingo, 8 de março de 2009

Pode ir se preparando, se arrumando
Que agora eu quero mesmo é te desarrumar
Pode ir me aguardando eu tô chegando
Tô com tudo pronto pra te incendiar

O amor tá me seguindo, me botando na parede
E agora não tem jeito eu vou acelerar
Eu vou chegar com tudo, vou te pegar de jeito
Você não vai ter tempo nem pra respirar

Mas eu não vou te esperar, se você não resolver
Se tem medo de me acompanhar
Pode deixar, eu me mando sem você

Eu já gritei, eu me arrisquei,
Eu me queimei, eu fiz de tudo
Eu me pus no seu lugar,
E se você não responder não fico mais nenhum segundo
Nada vai me segurar

Não vou ficar marcando passo,
Me diz agora se você vem comigo ou se vai ficar
Eu já tô largando tudo, caindo fora
Nada mais me prende aqui nesse lugar
Tô mudando o meu destino
Joguei fora o que não presta
Agora eu quero mesmo e vou enlouquecer
É hora da virada partir pro tudo ou nada
Eu não tô com nem um tempo pra perder...

Mas eu não vou te esperar, se você não resolver
Se tem medo de me acompanhar
Pode deixar, eu me mando sem você

Eu já gritei, eu me arrisquei,
Eu me queimei, eu fiz de tudo
Eu me pus no seu lugar,
E se você não responder não fico mais nenhum segundo
Nada vai me segurar

sexta-feira, 6 de março de 2009

Um lugar para se estar

Havia no alto de uma montanha, uma pequena cidade chamada Engano, e seus moradores tinham medo de descer de lá. Pois seus ancestrais diziam que aquele que simplesmente olhasse para baixo nas extremidades do monte seria tragado por este e jamais voltaria, assim todos mantinham distância.
Fatos interessantes aconteciam ali. Um deles é que não havia grades nas celas da prisão, o que tinha era um grande cartaz em frente de cada uma, escrito: “Você está preso”. Assim os encarcerados se mantinham presos. Mas isso acontecia não porque eram obedientes e educados, mas porque pensavam que realmente estavam presos.
O líder daquele povoado era o Sr. Não Pense Muito, e seu lema era: “Não pense, eu penso por você”. Todos o tratavam como um deus, pois ele havia vindo do abismo da montanha. As pessoas ali falavam com ele, e faziam somente o que ele ordenava, ele era a mente delas, ele as manipulava.
Os habitantes de Engano não sabiam fazer nada por si mesmos, eram tristes, mas sempre convencidos que estavam felizes. Eram verdadeiros robôs. O Sr. Não Pense Muito dizia-lhes tudo o que fazer, e isso era com todo o povo, sendo que seus antepassados havia-os ensinado a viver daquela maneira. O Sr. João se aproveitava da situação. Todos com seus medos, não entendiam que na verdade não haviam deixado de pensar, mas pensavam que tudo dito a eles era o verdadeiro.
Certo dia, um homem já velho, triste com sua vida, resolveu, por si mesmo, ir até a extremidade da montanha, queria saber o que tinha ali, afinal não tinha o que perder. Chegou-se e com medo fechou os olhos, e lentamente os abriu e, num instante contemplou um lindo cenário, o qual jamais tinha visto, viu florestas, rios, casas e pessoas. Afinal, o que era aquilo? Seria um delírio por sua velhice? Achegou-se para trás deu um frágil sorriso, se sentou e começou a pensar em tudo o lhe havia sido dito. Então percebeu aquele momento que sentia algo que antes nunca houvera sentido, ele estava confuso. Porém, sentiu algo novo crescendo a cada instante mais, seu entendimento.
Agora pela primeira vez em toda sua vida pensou por si próprio. Permaneceu naquele lugar por mais dois dias e nesse tempo imaginou como seria bom se todos os demais soubessem a verdade.
Decorrido o tempo ali, pensava em como levar ao conhecimento dos demais sua descoberta. Então voltou à cidade e juntou várias crianças consigo e as levou até o local e lhes mostrou o que vira antes. As crianças ficaram muito alegres.
Voltaram até à cidade, o velho homem foi até a praça e gritou bem alto, ainda que sua voz fosse fraca: “Existem outros lugares além de Engano, e eu o chamei Entendimento. Além da extremidade da montanha existe algo melhor, é só vir e comprovar. Não precisam acreditar em mim, apenas venham e vejam”.
Infelizmente, ninguém lhe atendeu. O Sr. João mandou prendê-lo, mas ele não permaneceu, afinal cadeia sem grades não pode prender ninguém, pelo menos alguém que pense não ficaria lá.
O ancião resolveu descer a montanha e viver naquele lugar que chamara Entendimento. Nunca mais foi visto pelos habitantes de Engano. Mas algo aconteceu, aquelas crianças que haviam visto a verdade e cresceram com ela revolucionaram aquela cidade, e lhe deram um novo nome, Sabedoria. Tinham um novo líder, um daqueles que vira o Entendimento, seu nome era Mestre e seu lema era: “Aprenda comigo, pense consigo, e chegue a uma conclusão”.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como
> tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa: 'Ah, terminei o
> namoro...'. 'Nossa,quanto tempo?'. 'Cinco anos...Mas não deu
> certo...acabou'. 'É não deu...'
>
> Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da
> vida, é que você pode ter vários amores!
>
> Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se
> somam. Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você
> mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
>
> E não temos esta coisa completa. Às vezes ele é fiel, mas não é bom de
> cama. Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel. Às vezes ele é atencioso,
> mas não é trabalhador. Às vezes ela é malhada, mas não é sensível. Tudo,
> nós não temos. Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista
> nele.
> Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o
> papai com mamãe mais básico que é uma delícia. E as vezes você tem aquele
> sexo acrobata, mas que não te impressiona...
>
> Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não
> bate... mais um Martini, por favor...e vá dar uma volta. Se ele ou ela não
> te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer.
> Não lute, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvida, problema
> dela,
> cabe a você esperar ou não. Existe gente que precisa da ausência para
> querer a presença. O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas
> e
> medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama!
>
> Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro,
> recessão de família? O legal é alguém que está com você por você. E vice
> versa. Não fique com alguém por dó também. Ou por medo da solidão.
> Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
> E quando
> você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
> Voce!
>
>Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver
> só, na sua própria companhia? Gostar dói! Você muitas vezes vai ter raiva,
> ciúmes, ódio, frustração. Faz parte. Você namora um outro ser, um outro
> mundo e um outro universo. E nem sempre as coisas saem como você quer...
>
>A pior coisa é gente que tem medo de se envolver. Se alguém vier com este
> papo, corra, afinal, você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore
> uma planta. É mais previsível. Na vida e no amor, não temos garantias.
> E nem todo sexo bom é para namorar. Nem toda pessoa que te convida para
> sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. Nem todo sexo bom é
> para descartar... Ou se apaixonar... Ou se culpar.
>
> Enfim... quem disse que ser adulto é fácil?
>
>
> Arnaldo Jabor...

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