sexta-feira, 31 de julho de 2009

Infeliz em Público



O sofrimento, excetuando-se o que traz de dor, tem um certo glamour, é cinematográfico.

Cena 1: você atravessa a madrugada escutando músicas antigas, fumando dois maços e revendo fotos.

Cena 2: você se trancafia no banheiro, senta sobre a tampa do vaso sanitário e dissolve-se de tanto chorar.

Cena 3: você se revira na cama sem conseguir pregar o olho, pensando, lembrando, doendo.

Cena 4: você caminha por uma rua da cidade, sem rumo, parando para uma cerveja num boteco estranho, onde ninguém lhe conhece – que bom ser invisível.

Se é pra sofrer, que seja sozinho, onde seu rosto possa estampar desalento, inchaços, nariz vermelho, olhar perdido, boca crispada. Se é pra sofrer, que o corpo possa verter, vergar, amolecer. Se é pra sofrer, que possa ser descabelado, que possa ser de pés descalços, que possa ser em silêncio.

Que os demônios levem pro inferno aquele que bate à nossa porta bem no meio da nossa fossa, aquele que telefona bem no auge das nossas lágrimas, aquele que nos puxa para uma festa obrigatória. Malditos todos aqueles com quem não podemos compartilhar nossa dor, e nos obrigam a fingir que nada está se passando dentro da gente.

Disfarçar um sofrimento é trabalho de Hércules. Um prêmio para todos aqueles que conseguem fazer com que os outros não percebam sua falta de ânimo nos momentos em que ânimo é tudo o que esperam de nós: nas ceias de Natal, jantares em família, reuniões de trabalho. Você não quer estar ali, quer estar em Marte, quer estar em qualquer lugar onde não seja obrigado a sorrir.

Há sempre o momento de pedir ajuda, de se abrir, de tentar sair do buraco. Mas, antes, é imprescindível passar por uma certa reclusão. Fechar-se em si, reconhecer a dor e aprender com ela. Enfrentá-la sem atuações. Deixar ela escapar pelo nariz, pelos olhos, deixar ela vazar pelo corpo todo, sem pudores. Assim como protegemos nossa felicidade, temos também que proteger nossa infelicidade. Não há nada mais desgastante do que uma alegria forçada. Se você está infeliz, recolha-se, não suba ao palco. Disfarçar a dor é dor ainda maior.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eu temia


Eu tinha medo de ficar só até que aprendi a gostar de mim mesma.

Temia fracassar...
Mas percebi que só fracasso se desistir.
Eu tinha medo do que as pessoas pudessem pensar de mim...
Até que percebi que o que conta realmente é o que penso de mim mesmo, com consciência, lucidez e humildade.

Eu temia ser rejeitado...
Até que percebi ter fé em mim mesmo, que sou meu maior companheiro.
Eu tinha medo da dor...
Até que percebi que o sofrimento só me ajuda a crescer e afasta de mim a arrogância.
Eu temia a verdade...
Até descobrir que a verdade é um espelho quebrado em mil pedacinhos.
Ninguém é dono da verdade,
Pois não tem mais do que um caco dela.
Eu temia as perdas e a morte...
Até que aprendi que as perdas não representam o fim, mas o início de um novo ciclo.
Temia o ódio...
Até que aprendi que o ódio é um veneno que a pessoa toma pensando atingir o outro.

Eu temia o ridículo...
Até que aprendi a rir de mim mesma.
Temia ficar velha...
Até que compreendi que posso ganhar sabedoria a cada dia.
Temia ser ferida nos meus sentimentos,
Até que aprendi que ninguém consegue me ferir sem minha permissão.

Temia a escuridão...
Até que entendi a importância da luz de uma pequena estrela.
Temia mudanças...
Até que percebi as mudanças pelas quais tem que passar uma bela borboleta antes de poder voar.
Eu ainda tinha medo de ficar só,
Até que aprendi que a única pessoa que estará comigo em todos os momentos da minha vida sou eu mesma!

Vamos enfrentar cada obstáculo à medida que apareça em nossas vidas com coragem e confiança.
E não esqueça:
Nunca desista de você!!!!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Vivendo no século XXI




Você sabe que está vivendo no século XXI quando...

Você envia e-mail ou msn para conversar com a pessoa que trabalha na mesa ao lado da sua.

Usa o celular na garagem de casa para pedir a alguém que o ajude a tirar as compras do carro.

Quando esquece o celular em casa - coisa que você não tinha há 20 anos - fica apavorada e volta para buscá-lo.

Você levanta de manhã e quase que liga o computador antes de tomar o café.

Você diz "bom dia" através de um torpedo, pelo celular.

Ninguém sabe qual é o seu gosto musical porque você escuta, solitária, a sua canção preferida com fones de ouvido.

Você não sabe o preço de um envelope comum.

A maioria das piadas que você conhece, você recebeu por e-mail (e ainda por cima ri sozinho...).

Quando seu computador pára de funcionar, parece que foi seu coração que parou.

Você sabe que está vivendo no século XXI...

Quando ouve tudo isso e concorda.

Tudo bem, tecnologia é bom. Facilita, agiliza, torna a vida mais confortável...

Mas, de vez em quando, experimente desplugar os cabos, desconectar as baterias, desligar aquele monte de luzes que ficam acesas na escrivaninha de casa ou na mesa do escritório...

Experimente dizer a um amigo, olhando nos olhos, o quanto ele é importante pra você!

Faça uma visita inesperada aos seus pais, tios, filhos e padrinhos, antes do trabalho, só pra dizer "eu te amo".

Vá até a sala ao lado da sua, no escritório, e pergunte ao seu colega de trabalho como foi o fim de semana.

Escreva cartas, mande flores, distribua beijos.

Sorria, cante junto, caminhe acompanhado, erga um brinde á vida, numa mesa cheia de pessoas que sabem o seu endereço de cor...

Uma mensagem pela internet pode ser simpática e até alegrar o seu dia, mas o toque gostoso da pele, naquele abraço apertado, não tem tecnologia que substitua.


terça-feira, 28 de julho de 2009

Reputação e caráter









As circunstâncias entre as quais você vive determinam sua reputação.
A verdade em que você acredita determina seu caráter.


A reputação é o que acham que você é.
O caráter é o que você realmente é...


A reputação é o que você tem quando chega a uma comunidade nova.
O caráter é o que você tem quando vai embora...


A reputação é feita em um momento.
O caráter é construído em uma vida inteira...


A reputação torna você rico ou pobre.
O caráter torna você feliz ou infeliz...


A reputação é o que os homens dizem de você junto à sua sepultura.
O caráter é o que os anjos dizem de você diante de Deus.

segunda-feira, 27 de julho de 2009


Quando eu era pequenina na cidade grande, uma pessoa muito especial me contou uma história mais ou menos assim: "O amor é como uma caixinha, onde se coloca e se tira... Quando se dá amor, se tira da nossa caixinha e coloca na caixinha do outro. Quando se recebe amor, se tira da caixinha do outro e coloca na nossa." Acho que essa foi a melhor explicação que já recebi até hoje do amor... Se você só recebe e não dá, a caixinha lota e ninguém mais consegue te dar amor. Se você só dá, chega uma hora que acaba o seu. Por isso, na vida é importante dar e receber amor. Nem sempre aquele que recebe de nós é o que nos dá. Nem sempre damos de quem recebemos. Mas sempre estamos fazendo troca e reciclando o nosso estoque de amor. Não deixe sua caixinha esvaziar, nem deixe sua caixinha lotar. Saiba dar e saiba receber. Coloque amor em tudo que faz, desde o acordar até o dormir, no trabalho, no trânsito, em casa... As coisas, os detalhes feitos com amor têm outro sabor, tanto para quem faz como para quem recebe.

Coloque amor no seu sorriso pela manhã.
Coloque amor no Bom Dia animado.
Coloque amor nos detalhes do dia.
Coloque amor nas pequenas coisas e nas grandes também!


E você verá que sua vida será cheia de realizações, sucesso, alegrias, coisas boas e amor. Lembre-se de que a felicidade só depende de nós e viva melhor!




Quando as palavras calam, os gestos falam. Vivemos às vezes situações em que as palavras parecem desaparecer do nosso vocabulário. Elas ficam todas emboladas no nosso estômago, sobem até a garganta e não sabemos, não temos idéia de como colocá-las para fora. São muitas vezes quando nossos amigos mais precisam de nós. E, justamente, é aí que encontramos essa barreira. Não sabemos o que dizer, não temos explicação aceitável para o sofrimento, temos medo de falar algo que não devemos e nos quietamos. Achamos com facilidade palavras, repetidas e gastas mesmo na maioria das vezes, para expressar nossa alegria, nosso desejo de felicidade ao outro e não nos importamos se alguém já disse ou não. Pegamos emprestadas essas frases corriqueiras e fazemos delas nossa mensagem. E nossos amigos recebem isso de coração aberto, sorriso estampado, porque eles fazem também uso disso. É de praxe, é normal, é gentil, é nobre. É milhões de vezes melhor que o esquecimento. Nossa grande dificuldade é expressar em palavras de consolo quando nós mesmos temos um coração moído pela dor de ver o sofrimento do outro e termos a consciência que não podemos fazer nada! Vai passar, sabemos disso, pois todas as dores passam, como passam as noites de lua e os dias de sol. Nada é estável e constante. E queríamos tanto encontrar as palavras exatas que amenizasse o sofrimento, que trouxesse consolo imediato, que anestesiasse ou curasse de vez! E lá, nesse exato instante, as palavras morrem. Mas eis um segredo que só os anjos conhecem: os gestos falam! Flores falam muito. Um beijo fala. Um afago fala de voz doce e suave. Uma presença, mesmo calada, fala demais. Um abraço fala muito alto. Um olhar sincero diz tanto! Uma mão que segura outra mão fala como várias bocas e centenas de corações... Quando as palavras se recusarem a sair de você, fale com gestos. O outro compreenderá. Seja você o anjo calado que vai trazer um lenço e vai ficar do lado para o outro se sentir menos sozinho. Dar de si vale mais que todas as palavras do dicionário juntas. E nesses instantes, Deus se cala também. Ele se contenta, como nós, de olhar com ternura e Ele sente prazer em nós.

(Letícia Thompson)





Você é lindo








Perfeito!

É como Ele o fez.

Seus olhos são os olhos Dele.

Seu sorriso, o sorriso Dele.

Você pode imaginar, mesmo que por um momento, que Deus criaria algo menos do que lindo?

É pela Sua definição então, que nós devemos aceitar o que a beleza realmente é.

Tristemente, é pela definição do mundo que nós julgamos à nós mesmos e aos outros.

Então o que é beleza?

A "covinha" na sua bochecha. A "curva" de seu nariz.
O "cacheado" em seu cabelo e a "ponta" de seus dedos.
As coisas que você faz ou as coisas que você diz.
Você é lindo, você sabe, Deus o fez desta forma.

A "finura" de suas pernas. A "largura" de suas costas.
O "ausente" em seus dentes. A "dobra" em sua orelha.
A "escassez" de seu cabelo ou a "cor" acinzentada.
Você é lindo, você sabe, Deus o fez desta forma.

São perfeitamente imperfeitos e aí está a beleza de tudo.
Se você é baixo ou se você é alto.
Você está absolutamente impressionante, não importa o que eles dizem.
Você é lindo, você sabe, Deus o fez desta forma.

(Tradução de SergioBarros do texto de Bob Perks)



Você é importante, também!





Eu devia estar precisando, pois me senti elevado e importante. Não melhor do que qualquer outro, mas melhor do que eu pensava ser. Não foi nem tão grande coisa. Duas ou três vezes por semana, eu paro num café local. Guardando posição numa longa fila de pessoas apressadas e sonolentas, eu apenas me misturo a elas. Mas não naquele dia. Minha rotina é parar no estacionamento, passar ao lado do prédio e comprar um jornal. Então me dirijo à entrada e entro na fila. Toda vez, enquanto faço meu caminho até o balcão, meus olhos dançam através dos donuts, pensando, - Talvez eu peça um donut com glacê. Não, talvez uma bomba. Então, apesar de tanto pensar, eu sempre peço um donut com recheio de maçã. Todas as vezes. Naquele dia, depois de pegar meu jornal, eu entrei e descobri que não tinha ninguém na fila. Sem tempo de repensar minhas escolhas, caminhei até o balcão e disse, - Um café pequeno com creme e açúcar. - Aí está! Disse a mulher. Estava pronto e esperando por mim. Eu não precisava pedir. Ela lembrou-se de mim e do que eu gostava. Fiquei ali com um olhar estúpido no rosto, pensando, - O que aconteceu? Sei que não estou dormindo, mas eu já pedi isto? Já paguei? - Donut com recheio de maçã? Ela perguntou. - Sim! - Você está bem? Ela perguntou. - Sim, estou, mas você me fez sentir-me tão importante! Eu disse. - Você é! Ela confirmou. Paguei minha conta, sentei-me em meu lugar habitual e realmente aproveitei aquele momento. Mas espere, não para aí. À tarde naquele mesmo dia, eu fui à minha loja favorita comprar alguma comida do Oriente Médio. Nós gostamos muito e aguardamos ansiosos para saboreá-los pelo menos uma vez por mês. Quando entrei, o proprietário me atendeu com seu acentuado sotaque e disse, - Olá meu amigo, como você está? Estou feliz em vê-lo! Parece maravilhoso! Eu fiquei agradavelmente surpreso. Não, fiquei emocionado! Duas vezes, me senti extraordinariamente significativo. Claro, cépticos dirão, - E daí! São pessoas de negócios. São pagas para fazer os fregueses sentirem-se importantes. Mas tem algo mais. Eu senti a mão de Deus nisto tudo. Eu estava, de fato, lutando com alguns assuntos em minha vida. Coisas maiores do que eu, embora não colocasse minha vida em risco, eram esmagadoras. Acredito que Deus olhou pra baixo e ergueu-me o suficiente para que eu pudesse ver a verdade em Seus olhos: eu sou importante e tudo ficará bem.

Seja você um elevador de espírito hoje. Faça alguém sentir-se importante. Realmente não custa nada. E caso você não saiba, "Você é importante, também!"

(Tradução de SergioBarros do texto de Bob Perks)



Não se preocupe...





Não se preocupe em ter o brilho da Lua...
Você já tem seu próprio valor...
Deus te deu o dom da vida,
Aproveite este presente e brilhe...
Não queira agradar a todos,
Isso será quase impossível...
Mas trate as pessoas com amor e procure falar a verdade,
Você pode não agradar a todos,
Mas terá o amor de muitos principalmente das pessoas sinceras,
As vezes as pessoas não demonstram o quanto te querem bem,
Mas é que a gente nem sempre sabe expressar o que sente,
Temos até medo de demonstrar o que sentimos,
Por isso, não se magoe à toa,
Aprenda a perdoar,
Você viverá bem mais leve,
Acima de tudo acredite:
Embora você muitas vezes se esqueça,
Você tem um grande valor prá Deus...
E prá mim também...

"Como anda seu coração?
Oprimido, descompassado, dolorido,
desesperançado, enfraquecido?...
E há quantas anda sua coragem?
É ela que dirige o seu coração.
É ela, ou melhor, a falta dela
que aprisiona o seu ser e faz seu coração sofrer?
Erga seu rosto, respire fundo,
encare a vida com a disposição
de quem sabe que pode vencer...
Acolha às situações adversas
como experiências valiosas,
desafios a serem vencidos com confiança e fé.
Acredite na sua capacidade
e na ajuda que recebe quando acredita nela,
e verá se o seu coração não se alivia,
não se enche de alegria, de força,
de esperança!
Seja corajoso e liberte seu coração do peso da sua fraqueza!
Sem pena de si mesmo,
encontre a coragem.
Encontrando a coragem,
descubra-se forte e seja feliz!"

...Mais um Dia...

Quando um sonho se torna realidade, a gente nem acredita. Não sabe se chora, se ri ou se grita. Se belisca. Abre e fecha os olhos. Apalpa. Talvez esteja dentro da nossa natureza não acreditar na realização dos próprios sonhos. Uma natureza pessimista. A gente espera, certo, mas no fundo não acredita. Olhamos para eles como olhamos para o arco-íris e as estrelas: lindos, encantadores, maravilhosos e inatingíveis. Mas gostamos de olhar, mesmo cientes que nunca poderemos tocá-los. O fato de existirem já é um encanto e um milagre Divino. Nos satisfazemos. E justamente por que não acreditamos, não corremos atrás, não construímos, não tentamos. Olhamos para o que outros conseguem e nos dizemos que eles têm muita sorte. Não nos incluímos nessa categoria. Mas se um dia resolvemos pegar as sete cores do arco-íris e trazer pra realidade das nossas vidas, veremos que nós também temos muita sorte, que nós também podemos. Se aproveitamos o brilho das estrelas para iluminar nosso caminho e não nos cegar, veremos que teremos uma caminhada mais nítida. Só vivemos de cinza por opção, pois a vida é colorida, é intensa. Vamos olhá-la com olhos nus. Tocá-la. Vivê-la. Amá-la. Correr atrás do que desejamos e esticar os braços até alcançarmos. Subir escadas, transpor barreiras. Lutar pelo que nos realizará. Brigar, se for preciso. Chorar, mas de pé. Talvez assim a gente não se surpreenda tanto quando nossa mão atingir, mesmo se timidamente, uma das cores do arco-íris ou a ponta de uma estrela. Talvez outros se surpreendam. Mas nós não. Por que acreditamos. Por que bem no nosso íntimo sabíamos que o caminho poderia ser longo, mas que um dia chegaríamos lá.

(Letícia Thompson)





sábado, 25 de julho de 2009

A celebração do erro

Até q me senti homenageada com esta cronica...huahuahua
Mas tb quem nao erra?


Errar nos humaniza.

Ninguém é tão bem-vindo ao convívio social quanto a pessoa que vacila, que comete gafes, que se atrapalha às vezes, e que assim torna tudo mais leve. Os absolutamente certinhos são insuportáveis porque ressaltam as imperfeições dos outros, e ninguém tolera ser comparado com quem só acerta. Se é que existe tal criatura.

Todo mundo tem um ponto fraco, um distúrbio de humor, um crédito com o diabo. Ou é aquele que sempre esquece nomes, ou então aquele que tem mania de perseguição, sem falar nos que são meio brutos na hora de serem sinceros, ou ainda os que sempre "esquecem" a carteira quando saem para jantar fora, e aqueles que se irritam por causa de qualquer bobagem, e... preciso continuar? Não há quem não resvale. Viver é escorregadio.

Só não dá pra resvalar demais, abusar dessa prerrogativa. Humanizar-se no sentido de não cobrar-se tanto é uma decisão inteligente e saudável. Tomar gosto por encrenca é diferente.

Ou seja, todo este papo é apenas para homenagear aqueles que se atrasam um pouco, esquecem de ligar, batem a porta de casa com a chave dentro, desmarcam um compromisso em cima da hora, mudam de idéia depois de terem dito sim, se penitenciam depois de terem dito não, erram o caminho pra festa, se arrependem de terem terminado um namoro, chegam com atraso no aeroporto e ficam sem assunto na hora de escrever uma crônica.

Tudo normal.

Quem escreveu? Eu q não fui...hehe foi a Martha Medeiros!

Cardápio da Alma




Arroz, feijão, bife, ovo. Isso nós temos no prato, é a fonte de energia que nos faz levantar de manhã e sair para trabalhar. Nossa meta primeira é a sobrevivência do corpo. Mas como anda a dieta da alma?


Outro dia, no meio da tarde, senti uma fome me revirando por dentro. Uma fome que me deixou melancólica. Me dei conta de que estava indo pouco ao cinema, conversando pouco com as pessoas, e senti uma abstinência de viajar que me deixou até meio tonta. Minha geladeira, afortunadamente, está cheia, e ando até um pouco acima do meu peso ideal, mas me senti desnutrida. Você já se sentiu assim também, precisando se alimentar?

Revista, jornal, internet, isso tudo nos informa, nos situa no mundo, mas não sacia. A informação entra dentro da casa da gente em doses cavalares e nos encontra passivos, a gente apenas seleciona o que nos interessa e despreza o resto, e nem levantamos da cadeira neste processo. Para alimentar a alma, é obrigatório sair de casa. Sair à caça. Perseguir.

Se não há silêncio a sua volta, cace o silêncio onde ele se esconde, pegue uma estradinha de terra batida, visite um sítio, uma cachoeira, ou vá para a beira da praia, o litoral é bonito nesta época, tem uma luz diferente, o mar parece maior, há menos gente.

Cace o afeto, procure quem você gosta de verdade, tire férias de rancores e mágoas, abrace forte, sorria, permita que lhe cacem também.

Cace a liberdade que anda tão rara, liberdade de pensamento, de atitudes, vá ao encontro de tudo que não tem regras, patrulha, horários. Cace o amanhã, o novo, o que ainda não foi contaminado por críticas, modismos, conceitos, vá atrás do que é surpreendente, o que se expande na sua frente, o que lhe provoca prazer de olhar, sentir, sorver. Entre numa galeria de arte. Vá assistir a um filme de um diretor que não conhece. Olhe para sua cidade com olhos de estrangeiro, como se você fosse um turista. Abra portas. E páginas.

Arroz, feijão, bife, ovo. Isso me mantém de pé, mas não acaba com meu cansaço diante de uma vida que, se eu me descuido, torna-se repetitiva, monótona, entediante. Mas nada de descuido. Vou me entupir de calorias na alma. Há fartas sugestões no cardápio. Quero engordar no lugar certo. O ritmo dos dias é tão intenso que às vezes a gente esquece de se alimentar direito.

Marta Medeiros





...

a mais carinhosa também é a mais bruta
a mais inteligente é ao mesmo tempo a mais sensível
a mais bonita também é a mais emburrada
a mais esperta é ao mesmo tempo a mais mundo-da-lua
a mais bem humorada também é a mais secreta
a mais velha é ao mesmo tempo a mais moleca
a mais moça também é a mais madura

uma não vive sem a outra e eu não vivo sem as duas ...



Do livro "Cartas extraviadas e outros poemas" da Martha Medeiros



Mãos




mãos: espera, certeza, afeto
dão: descanso, companhia, espanto
são: mágicas, ternas, incertas
tão: próprias, pobres, nobres
vão: prontas, tontas, tortas
hão: de remir, de remar, de rumar
não são, não dão, não tão .

Walmir Sá

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