terça-feira, 3 de junho de 2008

A morte do Amor


Todos os dias morre um amor.
Quase nunca percebemos, mas todos os dias morre um amor...
Às vezes de forma lenta e gradativa, quase indolor, após anos e anos de convivência.
Às vezes melodramaticamente, como nas piores novelas mexicanas, com direito a bate-bocas vexaminosos, capazes de acordar o mais surdo dos vizinhos.
Pode morrer em uma decepção já anunciada e prevista ou, às vezes, sem nenhum motivo aparente

Morre sem um beijo de despedida, sem mãos dadas, sem troca de carinhos, sem abraços apertados, sem olhares compreensivos, com um gosto salgado de lágrima nos lábios.
Morre depois de telefonemas cada vez mais espaçados, diálogos cada vez mais resumidos, de beijos cada vez mais gelados...

Morre da mais completa e letal inanição!!!

Todos os dias morre um amor, embora nós, românticos mais na teoria do que na prática, relutemos em admitir.

Pode morrer como uma explosão, seguida de um suspiro profundo (porque nada é mais dolorido que a constatação de um fracasso), de saber que, mais uma vez, um amor morreu.
Porque, por mais que não queiramos aprender, a vida sempre nos ensina alguma coisa.
Esta é a lição: qualquer amor pode morrer!
Todos nós podemos ser um assassino.
E podemos agir como age um assassino:
podemos nos esconder debaixo das cobertas, podemos nos refugiar em salas de
cinema vazias, ou preferir trabalhar que nem um louco, ou viajar para "espairecer"...

Existem também os amores que clamam por um tiro de
misericórdia: ainda estão juntos mas se comportam como um cavalo ferido, esperando ser sacrificado.

Existem também os amores-fantasma, aqueles que se recusam a admitir que já morreram.
São capazes de perdurar anos, como mortos-vivos sobre a Terra.

Mas eu, desiludida, triste e quase já desistindo de acreditar no amor, pude ainda encontrar uma outra classificação: os amores-vencedores.
Aqueles que, apesar da luta diária pela sobrevivência, das infinitas diferenças a serem superadas, das mágoas que às vezes acontecem sem querer, ressuscitam a cada momento e se revelam fortes, pacientes e esperançosos.

Esses são raríssimos, e há quem duvide de sua existência, jurando que irão acabar a qualquer momento.
São de uma beleza tão pura e rara que parecem lendas, impressionando a quem os observa incrédulos, sem entender como duas pessoas podem se amar tanto.

Mas, no fundo, sei que estes não surgem como por acaso...
O que se observa é que esse amor foi suado, cultivado, trabalhado, bem administrado nas centenas de situações do cotidiano.
Não é um presente de loteria, de sorte, nem de magia.
É simplesmente o resultado concreto daquilo que foi
um relacionamento maduro, seguro e crescente entre duas pessoas.

E, assim sendo, renasce como um fenix a cada tentativa de morte. Surgindo mais brilhante e forte, apresentando-se como indissociável da própria vida, que não mais poderia ser vivida sem ele.

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